Análise de uma consultoria realizada no estado do Paraná.
Por: Equipe de análise técnica e engenharia Blumme.
Problemas em indústrias podem ser difíceis de resolver, especialmente quando a indústria já está conectada à internet. Neste artigo, vamos apresentar um estudo de caso de um problema em uma empresa no estado do Paraná.
O problema
A instalação conta com 4 setores na área de produção, sendo que o problema estava na área 3, especificamente. De acordo com o relato, essa área conta com quatro motores elétricos que trabalham em conjunto e são monitorados por meio de sensores. Quando algo não está certo, uma ação deve ser tomada.
O problema descrito envolve os dados de temperatura, especificamente. Segundo o relato, um dos motores estava iniciando as contramedidas de segurança com a indicação de sobre temperatura, desligando todo o setor. Mas a situação fica interessante quando a equipe técnica fazia as medições diretamente no motor, e estava tudo certo, sem nenhum problema de temperatura no motor.
Estrutura
A estrutura do setor era a seguinte: os sensores mandam os dados para o sistema de aquisição de dados que gerenciava todos eles, tomavam uma série de medidas e uma delas era exatamente a medida de segurança para o desligamento do sistema se algo estivesse errado. A imagem abaixo demonstra bem essa estrutura interna.
O limite de temperatura para o motor em questão é de 45°C.
Testes
Antes de nos contratar, a equipe técnica da empresa fez o seguinte:
Testou os sensores (tudo ok);
Testou os cabos de comunicação (tudo ok);
Testou o hardware de aquisição de dados (tudo ok);
Testou o hardware de atuação (tudo ok).
Como a própria empresa já havia testado todos os equipamentos envolvidos, partimos do pressuposto de que o problema estava nos dados em si.
Iniciamos com uma inspeção no equipamento de aquisição de dados, realizando testes que revelaram que o equipamento em si estava bom. Mas notamos uma diferença importante no diagrama de blocos que foi enviado para nós: havia uma conexão a mais. Verificando de onde ela vinha, notamos que era de um sensor de temperatura do ambiente do setor 2. Ficou claro que um sensor de temperatura de outro setor estava conectado ali, e que ele não estava descrito nos projetos. Sendo assim o novo diagrama de blocos atualizado fica assim:
Dados
Partimos então para a análise de dados. Aqui, as coisas ficaram ainda mais interessantes. Como podemos perceber na tabela abaixo, a temperatura salva no banco de dados não excedeu o limite de 45°C, mas o status "false" nos mostra que mesmo assim o sistema atuou no desligamento de todo o sistema.
Continuando com a análise, não encontramos padrões nos erros, eles se manifestavam de maneira aleatória.
Mas será?
Lembra que o sistema de aquisição de dados também registrava a temperatura do ambiente adjacente? Agora, se concatenarmos as duas temperaturas na tabela a seguir...
Coincidência demais, não é? O segundo sistema de monitoramento lia os dados acima do limite preestabelecido do primeiro bem na hora em que o sistema desligava.
Achamos o nosso problema? De alguma maneira, o código estava atuando com base nas duas temperaturas e não na correta?
Precisávamos ter acesso ao código que estava no sistema de aquisição para confirmar nossas suspeitas. Depois de muitas horas conversando com a empresa responsável pela programação e adequação do módulo, conseguimos os arquivos originais da programação.
Analisando o programa, identificamos que, de fato, em uma linha do código, os dois dados estavam entrando no cálculo, causando a ativação das contramedidas baseando-se nas duas temperaturas, a do motor e a do ambiente do outro setor. Corrigimos o erro, rodamos o teste e tudo certo. Problema resolvido.
Resultados
Essa é uma dor de cabeça bem comum em ambientes onde a análise de dados é frequente. Infelizmente, em sistemas modulares, quando fazemos um "puxadinho" na aquisição de dados de outro setor, a atualização do código pode sofrer com erros, além da falta de atualização da documentação que dificulta muito a análise de uma possível falha. Por esse motivo, sempre é recomendável separar tudo por setores da empresa e não compartilhar equipamentos como nesse caso.
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Equipe Blumme.
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